domingo, 22 de julho de 2012

Amigo



AMIGO

Mal nos conhecemos
Inaugurámos a palavra amigo!

"Amigo" é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!

"Amigo" (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
"Amigo" é o contrário de inimigo!
"Amigo" é o erro corrigido
Não o erro perseguido, explorado,
É a verdade partilhada, praticada!

"Amigo" é a solidão derrotada!
"Amigo" é uma grande tarefa,
É um trabalho sem fim,
Um espaço sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
"Amigo" vai ser, é já uma grande festa!

Alexandre O'Neill, No Reino da Dinamarca



Enviada por Ana Fidalgo. Obrigada

3 comentários:

Transmontana disse...

"Amigo é quem te dá um pedacinho de chão, quando é de terra firme que precisas, ou um pedacinho do céu, se é o sonho que te faz falta.
Amigo é mais que ombro amigo ou 75% de ti, é mão estendida, mente aberta, coração pulsante, costas largas...
É quem tentou e fez, e não tem o egoísmo de não querer compartilhar o que aprendeu.

Amigo é aquele que cede e não espera retorno, porque sabe que o acto de compartilhar um momento é melhor do que o de receber. É compreensão para o teu cansaço e insatisfação para a tua reticência.

Amigo é aquele que entende o teu desejo de voar, de desistir devagar, a tua angústia pela compreensão dos acontecimentos, a tua sede pelo "por vir"... É simultaneamente o espelho que te reflete e a parede que te protege.
É quem fica enfurecido por enxergar o teu erro, querer tanto o teu bem e saber que a perfeição é utopia. É o sol que seca tuas lágrimas, é a polpa que adoçica ainda mais o teu sorriso.

Amigo é aquele que toca na tuas feridas para te ajudar, acompanha tuas vitórias, faz piada para amenizar teus problemas... É quem tem medo, dor, náusea, cólica, gozo tal como tu... É quem sabe que viver é ter histórias para contar depois.

Amigo é quem sorri para ti sem motivo aparente, é quem sofre com teu sofrimento... É o achar daquilo que tu nem sabias que procuravas, é aquele que te escreve pequenos bilhetes em salas de aulas ou mensagens eletrónicas emocionadas... É aquele que te ouve ao telefone com o mesmo prazer e atenção que teria se tivesse a olhar para os teus olhos.

Amigo é aquele que percebe num simples olhar os teus desejos, os teus disfarces, a tua alegria, mas também o teu medo, as tuas incertezas, as tuas fraquezas... É aquele que aguarda paciente por ti e se entusiasma quando vê aquele brilho no teu olhar...

Amigo é aquele que te diz "eu te amo" sem qualquer medo de má interpretação... Amigo é pra sempre, mesmo que o sempre não exista... "

Autor desconhecido

Ana Fidalgo disse...

O que Distingue um Amigo Verdadeiro

Não se pode ter muitos amigos. Mesmo que se queira, mesmo que se conheçam pessoas de quem apetece ser amiga, não se pode ter muitos amigos. Ou melhor: nunca se pode ser bom amigo de muitas pessoas. Ou melhor: amigo. A preocupação da alma e a ocupação do espaço, o tempo que se pode passar e a atenção que se pode dar — todas estas coisas são finitas e têm de ser partilhadas. Não chegam para mais de um, dois, três, quatro, cinco amigos. É preciso saber partilhar o que temos com eles e não se pode dividir uma coisa já de si pequena (nós) por muitas pessoas.

Os amigos, como acontece com os amantes, também têm de ser escolhidos. Pode custar-nos não ter tempo nem vida para se ser amigo de alguém de quem se gosta, mas esse é um dos custos da amizade. O que é bom sai caro. A tendência automática é para ter um máximo de amigos ou mesmo ser amigo de toda a gente. Trata-se de uma espécie de promiscuidade, para não dizer a pior. Não se pode ser amigo de todas as pessoas de que se gosta. Às vezes, para se ser amigo de alguém, chega a ser preciso ser-se inimigo de quem se gosta.

Em Portugal, a amizade leva-se a sério e pratica-se bem. É uma coisa à qual se dedica tempo, nervosismo, exaltação. A amizade é vista, e é verdade, como o único sentimento indispensável. No entanto, existe uma mentalidade Speedy González, toda «Hey gringo, my friend», que vê em cada ser humano um «amigo». Todos conhecemos o género — é o «gajo porreiro», que se «dá bem com toda a gente». E o «amigalhaço». E tem, naturalmente, dezenas de amigos e de amigas, centenas de amiguinhos, camaradas, compinchas, cúmplices, correligionários, colegas e outras coisas começadas por c.
Os amigalhaços são mais detestáveis que os piores inimigos. Os nossos inimigos, ao menos, não nos traem. Odeiam-nos lealmente. Mas um amigalhaço, que é amigo de muitos pares de inimigos e passa o tempo a tentar conciliar posições e personalidades irreconciliáveis, é sempre um traidor. Para mais, pífio e arrependido. Para se ser um bom amigo, têm de herdar-se, de coração inteiro, os amigos e os inimigos da outra pessoa. É fácil estar sempre do lado de quem se julga ter razão. O que distingue um amigo verdadeiro é ser capaz de estar ao nosso lado quando nós não temos razão. O amigalhaço, em contrapartida, é o modelo mais mole e vira-casacas da moderação. Diz: «Eu sou muito amigo dele, mas tenho de reconhecer que ele é um sacana.» Como se pode ser amigo de um sacana? Os amigos são, por definição, as melhores pessoas do mundo, as mais interessantes e as mais geniais. Os amigos não podem ser maus. A lealdade é a qualidade mais importante de uma amizade. E claro que é difícil ser inteiramente leal, mas tem de se ser.

Miguel Esteves Cardoso, in 'Os Meus Problemas'

flor m disse...

Há dias tão lindos.
Há momentos tão simples.
O que nos move é essa sensação,
de sentir que alguém que se importa,
e gosta da gente de verdade.

Patty Vicensotti

Bom resto de dia bjs