quinta-feira, 20 de maio de 2010

A verdade...

A verdade é semelhante a uma adolescente
vibrante, flexível, em radiosa sombra.
Quando fala é a noite translúcida no mar
e a esfera germinal e os anéis da água.
Um apelo suave obstinado se adivinha.

Ela dorme tão perfeitamente despertada
que em si a verdade é o vazio. Ela aspira
à cegueira, ao eclipse, à travessia
dos espelhos até ao último astro. Ela sabe
que o muro está em si. Ela é a sede

e o sopro, a falha e a sombra fascinante.
Ela funda uma arquitectura volante
em suspensas superfícies ondulantes.
Ela é a que solicita e separa, delimita
e dissemina as sílabas solidárias.
Poema: António Ramos Rosa
Fotografia: Eric Dufour

3 comentários:

ana rita disse...lol disse...

gostei

ana rita ;) disse...

a verdade e uma virtude

Transmontana disse...

Linda poesia e uma artística foto!!!
Parabéns!!!
Uma boa tarde!
Anita