terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Deus é compaixão...


«Jesus vive Deus como compaixão. No seu mistério mais insondável, Deus é compassivo (rahum). Aquilo que define Deus não é o poder ou a sabedoria, tal como acontece nas divindades pagãs do Império. Jesus capta e vive a realidade misteriosa de Deus como compaixão. A compaixão é o modo de ser de Deus, é a sua maneira de reagir perante os seus filhos e filhas, é a sua forma de ver a vida e olhar as pessoas.

Esta experiência de compaixão de Deus fez de Jesus um «místico de olhos abertos», que se sente afectado pelo sofrimento da humanidade. Como repetiu inúmeras vezes J. B. Metz, a mística de Jesus não é uma mística de olhos fechados, virados para um outro lado, mas uma mística de olhos abertos ao sofrimento humano. Jesus não é capaz de comunicar a sua mensagem e a sua experiência de Deus fazendo orelhas moucas aos que sofrem. Jesus abre-lhes espaço na sua vida para que possam acreditar que têm um lugar privilegiado no coração do Pai. Defende-os como ninguém a fim de que possam experimentá-lO como o defensor dos últimos. Abre-se de maneira muito especial a eles já que a eles todas as portas se costumam fechar, inclusivamente as portas do templo. 

Jesus quer ser um sinal claro de que Deus não abandona os últimos. A partir da sua experiência de Deus, lança este grito profético aos seus seguidores: «Sede misericordiosos para com os outros, assim como vosso Pai é misericordioso para convosco» (Lucas 6:36).

José Antônio Pagola, in Es bueno crer en Jesús

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