"O que te peço Senhor, é a graça de ser. Não te
peço sapatos, peço-te caminhos. O gosto dos caminhos recomeçados, com as suas
surpresas e suas mudanças. Não te peço coisas para segurar, mas que as minhas
mãos vazias se entusiasmem na construção da vida. Não te peço que pares o tempo
na minha imagem predileta, mas ensines meus olhos a encarar cada tempo como uma
nova oportunidade. Afasta de mim as palavras que servem apenas para evocar
cansaços, desânimos, distâncias. Que eu não pense saber já tudo acerca de mim e
dos outros. Mesmo quando não tenho sei que posso ser, ser simplesmente. É isso
que te peço, Senhor: a graça de ser de novo."
in José Tolentino de Mendonça, "Um Deus que dança"
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