Às vezes, demasiadas vezes,
a vida assemelha-se a uma repartição
cinzenta,
onde os horários se cumprem sem empenho.
Estamos, mas fazemos sem compromisso
íntimo.
Falamos e fazemos,
mas sentindo o nosso interesse noutro
lado.
Vivemos, claro, mas com o coração
distante.
Como é necessário tornar realmente úteis
os dias úteis!
Úteis não apenas por imposição do
calendário.
Úteis, porque vividos com generosidade e
sentido.
Úteis, porque não os atropelamos
na voragem das solicitações,
na dispersão das coisas,
mas sabemos (ou melhor, ousamos) fazer
deles
lugar de criação e descoberta,
tempo de labor e de escuta,
modo de acção e de contemplação.
É preciso acolher o “inútil”
se quisermos chegar ao verdadeiramente
útil.
P. José Tolentino Mendonça
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