quinta-feira, 16 de maio de 2013

Mãe e Filho

Primícias do meu amor!
Meu filhinho do meu seio
Tenro fruto que à luz veio
Como à luz da aurora a flor!
Na tua face inocente,
De teu pai a face beijo,
E em teus olhos, filho, vejo
Como Deus é providente;
Via em lâmina dourada
O meu rosto todo o dia,
E a minha alma não havia
De a ver nunca retratada?
Quando o pai me unia à face
E em seus braços me apertava,
Pomba ou anjo nos faltava
Que ambos juntos abraçasse!
Felizmente Deus que o centro
Vê da Terra e vê do abismo,
Que bem sabe no que eu cismo,
Na minha alma um altar viu dentro:
Mas
com lâmpada sem brilho,
Sem o deus a que era feito...
Bafeja-me um dia o peito,
E eis feito o meu gosto, filho!

Como em lágrimas se espalma
Dor íntima e se esvaece
De alma o resto quem pudesse
Vazar todo na tua alma!
Mas em ti minha alma habita!
Mas teu riso a vida furta...
Mas que importa! (morte curta!)
Se um teu beijo ressuscita!

João de Deus, in 'Campo de Flores'

1 comentário:

Transmontana disse...

“Bendito aquele que consegue dar aos seus filhos asas e raízes”, diz um provérbio.

Precisamos das raízes: existe um lugar no mundo onde nascemos, aprendemos uma língua, descobrimos como nossos antepassados superavam seus problemas. Em um dado momento, passamos a ser responsáveis por este lugar.

Precisamos das asas. Elas nos mostram os horizontes sem fim da imaginação, nos levam até nossos sonhos, nos conduzem a lugares distantes. São as asas que nos permitem conhecer as raízes de nossos semelhantes, e aprender com eles.

Bendito quem tem asas e raízes; e pobre de quem tem apenas um dos dois.

Paulo Coelho

Tenha um dia feliz!