"Aceitar-me plenamente? É uma violentação de minha vida. Cada mudança, cada projeto novo causa espanto:meu coração está espantado. É por isso que toda minha palavra tem um coração onde circula sangue" (Um sopro de vida)
Hoje apetece-me… Rir, gargalhar, chorar, sem triste ficar…apetece-me voar… Voar para um sítio distante e mesmo assim perto…tanto faz que seja praia ou deserto… Apetece-me o aconchego, sem medo…apetece-me criar, sem imitar… Apetece-me a sedução, a absorção, sem absolvição… Apetece-me apetecer…querer, mesmo sabendo que não posso ter… Apetece-me ficar assim…a olhar…para dentro de mim…sem julgar… Apetece-me escrever e dizer, falar até a alma se cansar e quase rebentar… Apetece-me acender o escuro, aquecer o frio, perder-me no obscuro, enquanto me anestesio… Apetece-me pintar…com cores que não existem… Apetece-me rimar…desejos que subsistem… Apetece-me silenciar…um silêncio gritante…desconcertante… Apetece-me falar…procurar o sorriso constante… Apetece-me abrir a porta…deixar entrar…inalar…o cheiro que me conforta… Apetece-me ouvir…sentir…sons que me amansem a alma…e possuir a minha calma… Apetece-me escrever cartas para ninguém, sabendo que no outro lado estará alguém… Apetece-me ser criança… viver sem insegurança… Apetece-me colorir o céu…vesti-lo com um véu… Apetece-me chamar as estrelas para conversar…sem nada falar… Apetece-me agir sem pensar…acordar sem dormir… Apetece-me viver sem existir…
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"Aceitar-me plenamente? É uma violentação de minha vida.
Cada mudança, cada projeto novo causa espanto:meu coração está espantado.
É por isso que toda minha palavra tem um coração onde circula sangue"
(Um sopro de vida)
Clarice Lispector
Hoje apetece-me…
Rir, gargalhar, chorar, sem triste ficar…apetece-me voar…
Voar para um sítio distante e mesmo assim perto…tanto faz que seja praia ou deserto…
Apetece-me o aconchego, sem medo…apetece-me criar, sem imitar…
Apetece-me a sedução, a absorção, sem absolvição…
Apetece-me apetecer…querer, mesmo sabendo que não posso ter…
Apetece-me ficar assim…a olhar…para dentro de mim…sem julgar…
Apetece-me escrever e dizer, falar até a alma se cansar e quase rebentar…
Apetece-me acender o escuro, aquecer o frio, perder-me no obscuro, enquanto me anestesio…
Apetece-me pintar…com cores que não existem…
Apetece-me rimar…desejos que subsistem…
Apetece-me silenciar…um silêncio gritante…desconcertante…
Apetece-me falar…procurar o sorriso constante…
Apetece-me abrir a porta…deixar entrar…inalar…o cheiro que me conforta…
Apetece-me ouvir…sentir…sons que me amansem a alma…e possuir a minha calma…
Apetece-me escrever cartas para ninguém, sabendo que no outro lado estará alguém…
Apetece-me ser criança… viver sem insegurança…
Apetece-me colorir o céu…vesti-lo com um véu…
Apetece-me chamar as estrelas para conversar…sem nada falar…
Apetece-me agir sem pensar…acordar sem dormir…
Apetece-me viver sem existir…
(adaptado)
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