sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Bailado


BAILADO

Quebrada pela cintura
Abre em dois frutos o peito.
E o seu calcanhar procura
A ponta do pé direito.

O vento dá-lhe na cara,
Escondida pelo lenço.
E o luar, que a decepara,
Deixa-lhe o busto suspenso...

Os olhos, como hei-de vê-los,
Se os desejos, menos vãos,
Morrem só por que os cabelos
Nos deixam sombras nas mãos?

Indizível, mas perfeito
Indício de formusura!
Abre em dois frutos o peito,
Quebrada pela cintura...

Pedro Homem de Mello

1 comentário:

Transmontana disse...

Boa tarde!

Bela, a poesia de Pedro Homem de Mello!

Mando um poema que me sensibiliza bastante:

Os Amigos Infelizes

Andamos nus, apenas revestidos
Da música inocente dos sentidos.

Como nuvens ou pássaros passamos
Entre o arvoredo, sem tocar nos ramos.

No entanto, em nós, o canto é quase mudo.
Nada pedimos. Recusamos tudo.

Nunca para vingar as próprias dores
Tiramos sangue ao mundo ou vida às flores.

E a noite chega! Ao longe, morre o dia...
A Pátria é o Céu. E o Céu, a Poesia...

E há mãos que vêm poisar em nossos ombros
E somos o silêncio dos escombros.

Ó meus irmãos! em todos os países,
Rezai pelos amigos infelizes!

Pedro Homem de Mello, in "Os Amigos Infelizes"

Goze o sol deste dia, porque está, para breve, a mudança do tempo!

Anita