quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Recomeça

Recomeça…
Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro,
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade. E, nunca saciado,
Vai colhendo
Ilusões sucessivas no pomar
E vendo
Acordado,
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças.

Miguel Torga,
in Diário XII

2 comentários:

flor disse...

Lindo poema.... nem sempre é facil recomeçar....
prrincipalmente quando temos angustia como nossa companheira... bom mas tudo ade passar.. e ja me mentalizei.. a razóes que temos de entender..mas o coração as desconhece.. o meu desconhece.. e anda a deriva tentando entender tanta coisa....
O caminho é duro..


Um bom dia com muita paz e felecidade..... é o que desejo... do fundo do meu coração..... estou sempre aqui mesmo com tanta torbulencia...... ser feliz.....

Transmontana disse...

Poema do homem-rã

Sou feliz por ter nascido
no tempo dos homens-rãs
que descem ao mar perdido
na doçura das manhãs.
Mergulham, imponderáveis,
por entre as águas tranquilas,
enquanto singram, em filas,
peixinhos de cores amáveis.
Vão e vêm, serpenteiam,
em compassos de ballet.
Seus lentos gestos penteiam
madeixas que ninguém vê.

Com barbatanas calçadas
e pulmões a tiracolo,
roçam-se os homens no solo
sob um céu de águas paradas.

Sob o luminoso feixe
correm de um lado para outro,
montam no lombo de um peixe
como no dorso de um potro.

Onde as sereias de espuma?
Tritões escorrendo babugem?
E os monstros cor de ferrugem
rolando trovões na bruma?

Eu sou o homem. O Homem.
Desço ao mar e subo ao céu.
Não há temores que me domem
É tudo meu, tudo meu.

António Gedeão


Um dia feliz!

Anita