sábado, 25 de abril de 2009

Liberdade

— Liberdade, que estais no céu...
Rezava o padre-nosso que sabia,
A pedir-te, humildemente,
O pio de cada dia. Mas a tua bondade omnipotente
Nem me ouvia.

— Liberdade, que estais na terra...
E a minha voz crescia
De emoção. Mas um silêncio triste sepultava
A fé que ressumava
Da oração.

Até que um dia, corajosamente,
Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado,
Saborear, enfim,
O pão da minha fome.

— Liberdade, que estais em mim,
Santificado seja o vosso nome.
Miguel Torga, in 'Diário XII'

2 comentários:

fénix renascida disse...

No respeito e amor ao próximo está a nossa liberdade. A verdadeira e grande revolução é o Amor!

Anónimo disse...

Lindo...
Existem prados verdes dentro de nós, onde podemos correr, saltar, brincar, refugiar-nos... Searas, serras, rios...

Apenas nos esquecemos de os visitar...

Luz.