E falou.
E disse palavras que iam caindo sobre mim como gotas de chumbo derretido.
Palavras que não saberia repetir mas que me empurravam para uma grande loucura.
E teria de crescer e crescer. De cima me esticariam a alma porque o que viria era tão pequeno e tão grande que apenas caberia em mim e em todo o universo.
E tudo aquilo – que bem o entendi então! – far-se-ia com risos e com sangue.
A alma não cresce como cresce a massa do pão na padaria, cresce rasgando-se esticando o coração com os sete cavalos do mistério.
Cresces sem entender e começas a não ser o que eras. Sabes que Alguém será teu filho, mas nunca saberás quem é esse alguém e começas a suspeitar que este primeiro parto feliz é tão somente o ensaio de outro mais sangrento.
Mas como dizer-lhe “não”?
Como negar ao sol o seu direito a ser luz e iluminar?
Como discutir com Ele, pôr-lhe condições, pedir-lhe garantias?
O amor é assim: eleger sem eleição.
E “faça-se” disse-lhe eu. E recordo que o anjo sorriu como se acabasse de lhe tirar um grande peso de cima, como se agora pudesse já atrever-se a regressar ao céu.
E fora da janela um pássaro voou.
E pôs-se a tarde como se o sol sangrasse.
E no ar soaram campainhas como se o próprio Deus Estivesse contente.“Apócrifo de Maria” de José Luis Martín Descalzo
4 comentários:
Natal é uma fonte de energia carregavél, carrega durante quase um ano... mas, quando vem para chegar enche muitas pessoas de algria...
o natal e sempre quando recebemos uma lembrança de uma pessoa quando podemos ter aquilo que desejamos
natal e tempo de alegria amor e tudo o resto feliz natal e ano novo
no natal.. e lindo ver as crianças contentes a abrir os presentes..
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