quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Entre o sono e sonho



Entre o sono e sonho,
Entre mim e o que em mim
É o quem eu me suponho
Corre um rio sem fim.
Passou por outras margens,
Diversas mais além,
Naquelas várias viagens
Que todo o rio tem.
Chegou onde hoje habito
A casa que hoje sou.
Passa,
se eu me medito;
Se desperto, passou.
E quem me sinto e morre
No que me liga a mim
Dorme onde o rio corre —
Esse rio sem fim.
Fernando Pessoa

3 comentários:

Transmontana disse...


Gosto de ti calada...
Gosto de ti calada porque estás como ausente
e me ouves de longe, e esta voz não te toca.

Parece que os teus olhos foram de ti voando
e parece que um beijo fechou a tua boca.

Como todas as coisas estão cheias da minha alma
tu emerges das coisas, cheia da alma minha.
Borboleta de sonho, pareces-te com a minha alma
e pareces-te com a palavra melancolia.

Gosto de ti calada e estás como distante.
E estás como queixando-te, borboleta em arrulho.
E ouves-me de longe, e a esta voz não te alcança:
Vais deixar que eu me cale com o silêncio teu.

Vais deixar que eu te fale também com o teu silêncio
claro como uma lâmpada, simples como um anel.
Tu és igual à noite, calada e constelada.
O teu silêncio é de estrela, tão longínquo e tão simples.

Gosto de ti calada porque estás como ausente.
Distante e dolorosa como se houvesses morrido.
Uma palavra então, um teu sorriso bastam.
E estou alegre, alegre porque não é verdade.



Pablo Neruda



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Ana Fidalgo disse...

Preso Entre o Sono e o Sonho

Ana Moura

Uma flor não te dá nome
Não há jardim que te cresça
Vou saciar minha fome
Quando em ti meu olhar desça

Um silêncio que te chama
E os olhos num longo traço
Fecham-se à luz que derrama
Sobre a cama que eu desfaço

Um livro espera tristonho
Entreaberto a meu lado
Preso entre o sono e o sonho
Nem aberto nem fechado

Não há caminho que tome
Não há voz que em mim conheça
Que chegue p`ra te dar nome
Não há flor que te pareça

flor m disse...

Boa tarde....

Sonho

Teria passado a vida
atormentado e sozinho
se os sonhos me não viessem
mostrar qual é o caminho

umas vezes são de noite
outras em pleno de sol
com relâmpagos saltados
ou vagar de caracol

quem os manda não sei eu
se o nada que é tudo à vida
ou se eu os finjo a mim mesmo
para ser sem que decida.

Agostinho da Silva

Bom Sábado bjs...