Os que falam de mim dizem que sou pobre
Existo à maneira de uma árvore
Tenho diante e atrás de mim a noite eterna
Vacilo, duvido, resvalo
E sei: a maior parte das vezes o amor nasce do erro
transcreve-se a azul ou a negro
sobre passagens, casas inacabadas, alturas remotas
Observá-lo apenas serve
Para tornar contundente a sua forma nunca exactamente igual
A sua incrível velocidade destacada no meio do nada
enquanto a noite se desmorona
sempre mais bela
Existo à maneira de uma árvore
Tenho diante e atrás de mim a noite eterna
Vacilo, duvido, resvalo
E sei: a maior parte das vezes o amor nasce do erro
transcreve-se a azul ou a negro
sobre passagens, casas inacabadas, alturas remotas
Observá-lo apenas serve
Para tornar contundente a sua forma nunca exactamente igual
A sua incrível velocidade destacada no meio do nada
enquanto a noite se desmorona
sempre mais bela
José Tolentino Mendonça, In Estação central