Certo Cristão, um dia, visitou
um bom Monge Budista e disse-lhe:
«Permita-me que eu lhe leia
algumas passagens do Evangelho,
o Sermão da Montanha, por exemplo».
«Ouvirei com prazer», respondeu o Monge.
E depois de ter lido várias linhas
o Cristão pára um pouco e o Monge diz,
sorrindo:«Quem disse tais palavras
era, de facto, um grande iluminado!».
Alegrou-se o Cristão e continuou...
Mais uma vez o Monge interrompeu:
«Quem tais palavras disse é, na verdade,
digno de ser chamado o Salvador
de toda a humanidade».
Empolgou-se o Cristão ainda mais
e levou a leitura até ao fim.
E outra vez o Budista comentou:
«Quem disse essas palavras deve ser
um homem que irradia Divindade!».
O Cristão transbordava de alegria
e voltou para casa decidido
a convencer o bom Budista
a tornar-se também um bom Cristão.
No caminho para casa, encontrou Jesus e disse-Lhe com esfuziante entusiasmo:«Mestre, eu consegui que aquele homem confessasse e admitisse a Vossa Divindade!».
Jesus sorriu e disse: «E qual foi a utilidade disso para ti,para além de inchar o teu ego cristão?».
O canto do pássaro, Anthony de Mello