Se realmente o tempo se renova...
Sepultado nesta cova de rotina,
a ver o sol pousar sobre as colina
sem frente,
em vez de me entregar
ao sono paciente de morrer,
ponho-me a futurar o amanhecer.
E com toda a inquieta
seriedade sacra de um poeta
que descortina
a universal e própria salvação,
vejo na imprecisão
que a próxima alvorada
- ou ela, ou outra, ou outra, ou outra ainda -
dará por finda
esta luz monótona e cansada.
Miguel Torga
Gostei,parabéns!
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