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quinta-feira, 21 de maio de 2009

Com as mãos

Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.

Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.

E cravam-se no tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas
Folhas que vão no vento: verdes harpas

De mãos é cada flor cada cidade
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.

Manuel Alegre
O Canto e as Armas, 1967

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